Em uma reportagem exibida em junho passado no Fantástico afirmava-se que os brasileiros são campeões em aceitar contraproposta de emprego, sendo 24% no Brasil, contra uma média mundial de 8%. Entende-se que isto ocorre como um reflexo do momento atual de mercado que estamos vivenciando, ou seja, mais oportunidades do que profissionais disponíveis e qualificados.
O Brasil nunca viveu esse momento de tamanho aquecimento do mercado de trabalho, tampouco a maioria dos profissionais está preparada para tanto assédio. Mas cabe aos profissionais e às empresas ficarem alertas quanto a esse movimento e às consequências dele.
Analisando pela perspectiva da empresa fica evidente que ela precisa ter claro quais são seus talentos (que na maioria das vezes representam 20% do quadro) para, no momento de um pedido de demissão por parte do funcionário, avaliar o quanto vale a pena fazer uma contraproposta (envolvendo aumento de salário, troca de cargo/promoção etc.) para permanência do profissional. Caso o profissional não faça parte deste seu “pool” de talentos, agradeça os serviços prestados e pronto.

Já pela perspectiva do profissional, é importante que ele se preocupe em relação como irá conduzir seu desligamento, pois é possível ver diariamente profissionais – alguns com muitos anos de mercado – expondo-se de forma desnecessária, tornando o momento da negociação um efetivo “fechamento de portas”. Alguns se expõem com comportamentos pouco recomendados, como faltas em excesso e com “frágeis” justificativas.
É importante lembrar que o processo de negociação costuma ser difícil e complexo, e irá exigir determinação, respeito e compreensão de ambos, profissional e empresa.
Relacionamos algumas dicas para serem observadas e que poderão ajudar a minimizar os impactos desse processo:
- Tenha sempre um backup ou prepare um sucessor, alguém com qualificação similar para desempenhar suas funções;
- Tenha claro o que está buscando: se é uma melhora no salário, na qualidade de vida ou mais desafios, pois estas informações farão toda a diferença no momento de avaliar a nova oportunidade;
- A decisão de mudar de emprego deve ser madura, caso contrário, ficará evidente que os motivos da busca são para negociar promoção etc.
- Durante o processo de seleção, não tire toda a energia do emprego atual. Não se esqueça: você pode não ser selecionado.
- Se aprovado: fale abertamente com seu chefe. Negocie o tempo que precisa para se desligar e assumir o novo desafio.
- No caso de aceitar a contraproposta, informe imediatamente a empresa que o contrataria.
Deve-se lembrar que aceitar uma contraproposta pode ser um caminho perigoso, pois pode significar mudança no relacionamento com os colegas e uma atenção maior do gestor em relação ao seu real comprometimento.
O mercado está aí, e está cada vez mais concorrido. Fazer ou não fazer mudanças será uma decisão do profissional. E cada um sabe de si e deve buscar tomar a decisão que entender ser a melhor para seu momento de vida, carreira e aspirações pessoais.
Escrito por: Lenir Nunes – Headhunter & Conselheira de Carreira.